02/08/2013 - 13:30

Emprego bancário ameaçado

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Contraf-CUT
Pesquisa do Emprego Bancário

A Contraf-CUT, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgou os resultados da 18ª Pesquisa do Emprego Bancário (PEB), que faz uma análise dos dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED), do Ministério do Trabalho.

Dentre os principais pontos apresentados, a pesquisa verificou um grande número de demissões, principalmente nos bancos privados, que fecharam quase cinco mil postos de trabalho neste primeiro semestre de 2013.

Segundo o CAGED, os bancos brasileiros contrataram 20.230 bancários, mas desligaram 22.187 no mesmo período. No total do sistema financeiro, foram fechados 1.957 postos de trabalho.

Os bancos caminham na contramão da economia por pressionarem o Banco Central (BC) a elevar a taxa Selic, e agora, por não contribuir para a geração de emprego no país, que de janeiro a junho criou 826.168 novos empregos em outros setores.

Esses dados só reafirmam a necessidade de manter o foco na manutenção e ampliação do emprego bancário, um dos principais alvos da Campanha Nacional desse ano.

Manobras dos bancos

Aliado aos projetos de terceirização, o auto nível de demissões e a prática da rotatividade tem ameaçado gravemente o emprego bancário. O grande número de demissões é preocupante, e entra em contradição com os lucros bilionários dos bancos que, mesmo apresentando crescimento nesse semestre, continuam articulando manobras para reduzir o custo da mão de obra e os salários dos bancários por meio da rotatividade.

A pesquisa do emprego bancário mostra que o salário médio dos admitidos pelos bancos, no primeiro semestre,  foi de R$ 2896,07 contra o salário médio de R$ 4523,65 dos afastados. Como resultado, o bancos reduzem o salário do bancário em 36%, o que explica a conquista de apenas 16,2% de aumento real no salário e de 35,6% de ganho real no piso salarial desde 2004.

Por isso, é preciso que todos os bancários aproveitem o momento oportuno proporcionado pela Campanha Nacional para mobilizar uma grande massa em defesa da pauta da categoria e dos trabalhadores. O movimento sindical se fortalece com o apoio dos bancários e, dessa forma, é possível combater com mais êxito os abusos cometidos pelos bancos, desde a rotatividade e a precarização das condições de trabalho até as metas abusivas e o assédio moral.

Discriminação da mulher no setor

A desigualdade entre os gêneros e a discriminação da mulher ainda predomina no setor bancário.

Mesmo correspondendo, atualmente, a 50% da categoria, quando contratadas, as mulheres recebem em média R$ 2479,92 o que é 25% inferior aos salários dos homens que correspondem, em média, a R$ 3290,43. Além disso, quando essas mulheres são demitidas seu salário médio é ainda mais inferior aos dos homens, chegando a ser 30% menor (R$ 3713,43 contra R$ 5314,74).

Esse conservadorismo tem prejudicado as bancárias que, muitas vezes, possuem um nível de escolaridade superior ao dos homens, mas tem o salário reduzido. Além disso, esse quadro contribui para a concentração de renda e, consequentemente, para a manutenção da discriminação da mulher.

Executivos ganham até 234 vezes o piso do bancário

Quando se fala da distribuição dos lucros aos bancários, por meio da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), os bancos logo aumentam, desnecessariamente, a Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) a fim de diminuir o valor da PLR do bancários. Mas, quando se trata de seus executivos há um grande disparate.

Segundo a pesquisa, no Banco Itaú, que atualmente registra os maiores lucros dentre os bancos brasileiros, os executivos da Diretoria recebem em média R$ 9,05 milhões por ano, o que representa 234,27 vezes o que ganha o bancário do piso. Ou seja, para ganhar a remuneração mensal de um executivo, o caixa do Itaú precisa trabalhar 16 anos.

É contrariante a realidade vivenciada pelo bancário no Brasil. Além dos baixos salários, o funcionário precisa lidar com práticas de assédio moral, metas abusivas, insegurança, ameaça de demissão e condições precárias de trabalho mesmo sendo ele o responsável por garantir ao banco os lucros exorbitantes que, desrespeitosamente, cai nas mãos dos executivos.

Esse cenário precisa mudar. O banco só tem suas grandes dimensões devido aos seus trabalhadores sendo, portanto, dependente de seus funcionários, sem os quais não conseguiria subsistir. Quando todos os bancários enxergarem essa outra face da moeda e se colocarem dispostos à mobilização, mais avanços e novas conquistas serão alcançados.

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