29/01/2013 - 14:45

CUT participa de campanha contra ações antissindicais nos Estados Unidos

O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, está em agenda oficial no Mississippi a partir desta terça-feira (29), liderando uma delegação de dirigentes sindicais que foram aos Estados Unidos apoiar e denunciar a intimidação e as ameaças da montadora Nissan para impedir os trabalhadores de se organizarem em um sindicato.

Nesta terça foi lançada uma campanha mundial para denunciar as atitudes antissindicais da Nissan. Participam da campanha "Mississippi Alliance for Fariness at Nissan (MAFFAN)", trabalhadores, estudantes, líderes do parlamento e da comunidade, o ator Danny Glover e líderes sindicais de vários países.

Pela CUT, além do presidente, o secretário de Assuntos Internacionais da CNM-CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), João Cayres, faz parte da delegação.

Práticas antissindicais

Para impedir os trabalhadores de organizar um sindicato, a Nissan ameaça com demissão de quem votar pela criação da entidade e até com o fechamento da fábrica. Isso sem falar das reuniões e encontros com grupos de trabalhadores, cujo objetivo é apenas espalhar o medo.

Vários fatores contribuem para ampliar o clima de terror na montadora, entre eles: os trabalhadores não têm representação sindical, não têm acordo de negociação coletiva; os salários são baixos, as condições de trabalho ruins; metade do quadro de pessoal é temporário - o trabalhador não sabe quanto tempo ficará empregado, o que alimenta ainda mais a insegurança econômica na família e na região.

E a luta pela criação de um sindicato na sede da Nissan, que fica no distrito de Canton, é de todos os trabalhadores norte-americanos e do mundo. "É uma luta em defesa da cidadania", disse o presidente da CUT, Vagner Freitas, em encontro com dirigentes sindicais, na cidade de Jackson.

Para Vagner, a experiência de luta para diminuir a desigualdade social no Brasil pode ajudar os trabalhadores norte-americanos a conquistar direitos. "Apesar do fosso de desigualdades que ainda existe, a CUT reconhece os avanços das lutas dos movimentos sindicais e sociais brasileiros para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. E esta é uma luta conjunta. Nenhum país conseguirá este avanço isoladamente. É fundamental a soma de esforços e é para isto que estamos aqui".

João Cayres ressaltou que "a superação das desigualdades e de toda forma de discriminação é uma bandeira importante do todo movimento sindical".

A campanha mundial em defesa dos metalúrgicos do Mississippi é o primeiro passo para começar a transformação na vida dos trabalhadores das transnacionais. Como disse Bob King, "somente com a representação sindical em todo o setor nos EUA e com o fortalecimento de redes de contatos internacionais com sindicatos de todo o mundo, os trabalhadores terão voz ativa para conquistar um padrão de vida aceitável".

Alguns dados sobre a organização sindical norte-americana

Nos Estados Unidos, apenas 7% dos trabalhadores do setor privado são sindicalizados. Segundo o presidente da UAW - United Auto Workers (sindicato metalúrgico internacional do setor automobilístico dos EUA, Bob King, o percentual de trabalhadores norte-americanos sindicalizados caiu de cerca de 35%, entre as décadas de 1960 e 1970, para apenas 7%.

Mudanças na legislação contribuíram para isso. A lei americana de relações trabalhistas nacionais (National Labor Relations Act), que dava aos trabalhadores o direito de criar sindicatos, enfraqueceu e, hoje, se um empregador quiser evitar que seus empregados organizem sua entidade sindical, não há praticamente nada que se possa fazer contra isso - mesmo que a empresa esteja infringindo a lei.

Para ter direito a representação sindical e negociação coletiva, os trabalhadores do setor privado dos EUA têm que fazer uma eleição no local de trabalho e a maioria votar a favor. Mas, para isso, é preciso apresentar uma petição com a assinatura de pelo menos 30% dos trabalhadores elegíveis. Se a maioria dos trabalhadores votar a favor do sindicato, a empresa tem a obrigação de negociar.

Os problemas começam com esta exigência. Para que 30% dos trabalhadores assinem uma petição, o sindicato precisa saber quem é elegível e como discutir com eles sobre a criação do sindicato. Porém, só a empresa tem a lista dos nomes e endereços dos trabalhadores e é obrigada a informar ao sindicato quem é elegível até depois de confirmada a eleição.

Isso sem contar que a empresa pode realizar reuniões com os trabalhadores diariamente no local de trabalho e adverti-los para que não assinem nada.Já os representantes sindicaisnão têm o direito de se reunir com os trabalhadores durante o horário de trabalho, não podementrar nas dependências da empresa e não têm conhecimento dos trabalhadores elegíveis para assinar a petição. E se ficarem na porta da fábrica tentando falar com os trabalhadores, a empresa pode filmar o encontro e ameaçar quem se aproximar dos sindicalistas.

Praticamente todas as campanhas antissindicais visam amedrontar os trabalhadores e anular seus esforços para formar um sindicato. (Há um setor importante nos EUA denominado de "evasão sindical", especializado em ajudar as empresas a permanecer "sem sindicatos").



Fonte: CUT Nacional

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