13/02/2015 - 11:30

Bancos têm resultados medíocres em pesquisa

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SEE São Paulo
Apresentação Guia dos Bancos Responsáveis

São Paulo – Os bancos que atuam no Brasil estão mal na fita. Apenas 28% dos brasileiros confiam nas instituições financeiras e 39% não confiam. Os outros 25% não souberam ou não responderam. Além disso, 78% dos entrevistados – desta vez apenas clientes do Santander – afirmaram que as políticas de concessão de crédito e de investimentos deveriam ser mais transparentes.

Os dados foram apresentados durante o lançamento da versão brasileira do GBR 2015 (Guia dos Bancos Responsáveis). O resultado completo da pesquisa, que tem metodologia internacional, tem como objetivo tornar público os impactos da atuação das instituições financeiras na sociedade.

O guia engloba a relação entre o consumidor e os bancos. Para isso, o levantamento avaliou temas como o processo de abertura e encerramento de contas, além da concessão de crédito dos seis maiores bancos brasileiros (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC Itaú e Santander).

Nos três quesitos, as instituições financeiras demonstraram que estão longe de se adequar às normas do Banco Central e do Código de Defesa do Consumidor. “São medidas muito simples que deveriam ter avançado, mas ainda não conseguimos”, diz a economista do Idec Ione Amorim, uma das responsáveis pela pesquisa. 

Macro – O resultado também aborda treze grandes temas como transparência; impostos; meio ambiente; mudanças climáticas; geração de energia; remuneração; direitos humanos e trabalhistas. Nenhum dos bancos pesquisados sequer atingiu a nota 5 – metade da pontuação total.  A média dos bancos atingiu a medíocre nota de 3,6 nessas questões.

“Mesmo em alguns temas amplamente discutidos no país e relevantes no contexto brasileiro, os bancos ainda estão distantes de padrões internacionais”, consta em trecho do relatório.

Socioambiental – A pesquisa também engloba trabalho de análise de políticas socioambientais dos bancos pesquisados. “A própria legislação brasileira ajuda [a melhorar] a pontuação dos bancos, como na questão do licenciamento ambiental e avanços coletivos no protocolo verde”, explica o consultor do projeto Lucas Salgado. 

Interatividade – A página da pesquisa na internet expõe a classificação geral dos seis bancos analisados e conta com ferramentas para mobilizar o consumidor, como botões que mostram a satisfação e a insatisfação quanto as instituições e o por quê. “Os nossos amigos da Suécia [onde há página idêntica] informaram que em menos de 15 dias foram mais de seis mil e-mails enviados aos bancos. Foi uma mobilização importante”, explica Lucas Salgado.

Bancários sem voz – O diretor executivo do Sindicato Carlos Damarindo viu com estranheza o fato de o movimento sindical não ter participado com tanta ênfase da pesquisa como em anos anteriores. “Quem pode demonstrar a realidade dentro dos bancos é o próprio bancário. Somos parceiros do Idec, mas do nosso ponto de vista a pesquisa não trata com fidelidade a realidade por não levar em conta a opinião dos trabalhadores, que convivem com assédio moral, adoecimento e insegurança – e do Sindicato, que é quem de fato os representa.”

Pressão social – Imad Sabi, da Oxfam-Novib BankWiser Intenational – uma das ONGs internacionais parceiras do projeto –  ressaltou que a importância dos bancos não deve ser maior que sua responsabilidade social. “Em 2008 nós passamos por uma crise financeira global que revelou não só os danos que o sistema financeiro pode causar como também que essas falhas não podem ser corrigidas pelo braço invisível do mercado. Os bancos foram salvos pelos contribuintes. Temos que voltar àquele período para enfatizar que os bancos são importantes, mas não estão acima da sociedade, são parte dela, têm responsabilidades e só podem ser melhorados com a participação democrática da sociedade.”

Ted Van Hees, também da Oxfam, reforçou afirmando que a sociedade tem papel fundamental para  pressionar os bancos para que ajam com ética e responsabilidade. “O que leva às mudanças? Cobrarmos os bancos, os clientes pressionarem, esperarmos também a cobertura da mídia e que tudo isso resulte em politicas que regulem o setor financeiro. São campanhas de longo prazo para alcançarmos as mudanças que queremos. É uma abordagem internacional”, afirma.

Realizado pelo Idec desde 2010, o projeto é fruto da coalização internacional de sete países (Brasil, Indonésia, Holanda, França, Bélgica, Japão e Suécia), que também realizam o Fair Finance Guide International (Guia Internacional de Finanças Responsáveis), coordenados pela Oxfam Novib (confederação que inclui 17 organizações trabalhando por meio de parcerias e em comunidades em mais de 90 países).

Fonte: SEEB São Paulo / Rodolfo Wrolli

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